Pink Floyd – “The Dark Side of The Moon” | Clássicos da Era do Vinil

“The Dark Side Of The Moon” é um dos discos mais importantes da história da música. O que poucos fãs do Pink Floyd notam é o caminho espinhoso que o grupo percorreu até o reconhecimento que tiveram na fase pós-“The Dark Side of the Moon”.

Se voltarmos pouco mais de meia década do lançamento de Dark Side Of The Moon, encontramos uma banda completamente diferente e imersa numa música extremamente psicodélica e lisérgica.

Até o lançamento de “The Dark Side of the Moon”, tivemos ao todo seis álbuns que mostravam momentos oscilantes na qualidade das canções. Nada era desastroso do ponto de vista musical, mas ainda não vislumbrávamos o brilhantismo corriqueiro do futuro.

O protótipo do que ouvimos em “The Dark Side of the Moon” estava desenhado na brilhante “Echoes”, que preenchia todo o lado B do ótimo “Meddle” (1971). Analisando Echoes de modo sistemático, percebemos que toda a musicalidade e construção harmônica dos sucessos futuros estão ali resumidas, em cada acorde e cada viagem psicodélica.

Observe que “The Dark Side Of The Moon” parece uma única canção dividida em atos, com estrutura tão similar a Echoes que álbum todo parece um irmão mais crescido da fenomenal composição de 1971.

Garimpando “The Dark Side Of The Moon”.

Como dito anteriormente, “The Dark Side Of The Moon” é um dos discos mais importantes da história da música. Até por isso, em minha andanças pelos sebos da cidade num sábado de manhã pensei ter sido sorteado na mega-sena.

Na minha frente estava nada mais, nada menos, que um dos discos que mais procurava para minha coleção de vinis: Pink Floyd – “The Dark Side Of The Moon”. O famoso disco do prisma.

Na minha humilde opinião um dos melhores discos de todos os tempos. Ali oferecido a míseros quinze reais. Era uma época diferente, onde o hype sobre o colecionismo e o fetiche sobre tudo que cerca a cultura do vinil era uma possibilidade num futuro próximo.

Os discos eram vendidos a preços mínimos em sebos e subvalorizados como peças ultrapassadas. Tanto que muitos eram vendidos com preço estipulado por quilo e destinados a artesanatos.

Quando consegui essa minha primeira versão em vinil fiquei muito feliz, afinal, a minha experiência com o Pink Floyd nesse mídia era muito superior àquela obtida com o CD. Já tinha na coleção que ainda engatinhava uma cópia do “The Wall”, tanto em CD quanto em vinil (essa me acompanha até hoje), e era inexplicável como a prensagem em vinil soava melhor nos meus fones de ouvido.

Entretanto, nunca tinha ouvido “The Dark Side Of The Moon” em versão vinílica e tendo como referência o impacto causado pelos álbuns “Wish You Were Here” (um dos meus três discos favoritos da banda) e “The Wall”, em suas respectivas edições em LP, estava curioso para ouvir esta obra-prima.

Ao chegar em casa a primeira coisa que fiz foi colocar o bolachão para rodar. Quando fui sucumbido pelos graves de “Speak to Me/Breath”. Como eles conseguiram este timbre, impactante e confortável ao mesmo tempo. A harmonia desta canção é algo indescritível.

“On The Run”, a segunda faixa é uma viagem psicodélica, merece ser feita num quarto escuro e com os olhos fechados, e quando estamos no ápice de tal devaneio somos despertados pelos tilintares da introdução de Time, outro clássico!

Mas o melhor estava por vir… “The Great Gig In The Sky”! Se eles buscavam uma música perfeita encontraram-na aqui. O álbum ainda traz clássicos como “Money” (um blues disfarçado), a maravilhosa “Us & Them” e “Brain Damage” que são obras primas do rock psicodélico.

Alguns dizem ser um album melancólico, triste e até soturno. Natural para um conceito baseado na loucura. Eu digo que é uma obra-prima de uma das mais importantes bandas de rock de todos os tempos.

É interessante notar que o álbum foi lançado em 1973 quando a banda ainda era apenas promissora e quase desconhecida. Ainda não havia a sombra de megahits como “Wish You Were Here” e “Another Brick In The Wall”, que são boas canções, mas parecem canções de ninar perto da imponência de qualquer faixa de “The Dark Side Of The Moon”.

“The Dark Side Of The Moon”: A Luz e a Escuridão do Pink Floyd.

“The Dark Side of the Moon” era o oitavo álbum de estúdio da banda britânica de rock progressivo Pink Floyd, lançado em 1 de março de 1973. O disco foi um sucesso imediato, chegando ao topo da Billboard 200 nos Estados Unidos e permaneceu nesta parada durante 777 semanas – de 1973 a 1988 – sendo o álbum recordista de permanência nesse chart.

Após uma mudança na forma como a Billboard passou contabilizar as vendas em 2009, o álbum entrou novamente no gráfico da Billboard 200 e desde então figurou por lá por mais de 900 semanas.

“The Dark Side of the Moon” vendeu mais de quinze milhões de cópias nos EUA e aparece na lista dos álbuns mais vendidos da história no país, também no Reino Unido e na França, com um total de cinquenta milhões de cópias comercializadas mundialmente até hoje.

Ao mesmo tempo que “The Dark Side of the Moon” alçou o Pink Floyd ao patamar de banda gigante dentro do rock, extrapolando seu nicho, ele foi o ponto onde a banda começou a rachar.

No país natal da banda, estimava-se que uma em cada cinco casas possuía o álbum. Num contexto global, como a revista britânica Q declarou, com tantas cópias vendidas, é “virtualmente impossível que se passe um minuto sem que “The Dark Side of the Moon” toque em algum lugar do planeta”.

Apesar de todos os louros colhidos desta obra ímpar, as maldições foram lançadas em meio aos integrantes do Pink Floyd, na fase pós-“Dark Side of the Moon”, principalmente no relacionamento conturbado entre David Gilmour (guitarrista e vocalista) e Roger Waters (baixista e vocalista), tendo no centro da contenda a liderança da banda.

Um dos fatores que alimentaram esse atrito começa no fato de ser nesse disco onde, pela primeira vez, o baixista comandou a produção das letras de um disco completo do Pink Floyd.

O próprio Roger Water comentou sobre esse fato:

“Nos apegamos uns aos outros por muitos anos depois, principalmente por medo do que poderia estar além, e também por relutarmos em matar a galinha dos ovos de ouro. Mas depois do disco nunca mais houve a mesma unidade de propósitos. Trabalhar juntos lentamente se tornou menos agradável e mais um veículo para minhas idéias. Tinha pouco a ver com os outros, até isso se tornar insustentável.”

Para finalizar, duas curiosidade sobre esse disco:

  • Quando o álbum é tocado simultaneamente com o filme de 1939, “The Wizard of Oz”, ocorrem algumas correspondências entre o filme e o álbum. A banda insiste que isso são puras coincidências.
  • O disco originalmente se chamaria “Eclipse” e eles cogitaram colocar o Surfista Pratedo na capa.

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