Inner Groove Distortion | O Que é o Mal da Última Faixa?

Inner Groove Distortion, ou o “mal da última faixa” é uma deterioração audível na qualidade do som que às vezes ocorre ao reproduzir faixas perto do final de cada lado de um disco de vini. Este “defeito” que deixa as músicas finais de cada lado com qualidades inferiores e diferentes do restante do disco, pode ser causado tanto pela ausência de esmero na produção do disco de vinil, quanto pela regulagem errada do braço e da cápsula.

Alguns analistas mais técnicos defendem que o Inner Groove Distortion é uma falha de design, enquanto outros analistas e entusiastas mais empíricos atestam que este fenômeno é apenas parte da experiência de ouvir música no formato analógico.

Os entusiastas do mundo do vinil costumam dizer que este “defeito” inerente à geometria do toca-discos é o “calor analógico”, que torna a audição em vinil orgânica pela distorção sonoramente agradável, ao passo que a música em formatos digitais perde esse fator, se tornado um tanto fria e artificial. Obviamente, estas conclusões variam de pessoa para pessoa.

Quais as causas do Mal da Última Faixa?

A causa fundamental do “mal da última faixa” é o desgaste progressivo do desenho dos sulcos do disco de vinil à medida que o braço avança sobre o disco de vinil. Isso porque há mais superfície por segundo para suportar a pressão da agulha no início do disco do que no final, com isso os comprimentos de onda se tornam gradualmente mais curtos e mais comprimidos conforme nos aproximamos do centro do disco.

Por uma lógica simples percebe-se que ranhuras mais condensadas são muito mais difíceis de serem rastreadas com precisão pela agulha. Para tentar burlar o problema, os engenheiros de masterização tentarão mitigar a distorção de fim de lado colocando músicas mais calmas, com graves moderados e baixa energia no centro do vinil em cada lado.

Isso porque o problema é mais perceptível quando temos músicas mais pesadas, rápidas, altas e intensas no final do disco. Além disso, é por causa deste fenômeno que vemos muitos discos de vinil com espaços grandes sem gravação mais para o centro do disco. Como alternativa, os engenheiros de masterização ainda podem restringir o tempo de reprodução ou dividir um álbum em dois discos para evitar os sulcos internos.

O Mal da Última Faixa Pode Estar no Seu Toca Discos

Mesmo com todas as técnicas sofisticadas da engenharia de masterização o mal da última faixa pode aparecer por consequência de um projeto ruim do toca-discos, ou por uma configuração errada por parte do colecionador.

Isso porque ainda há o problema do alinhamento da cápsula e da agulha, que é um fator determinante para diversos aspectos do som de um disco de vinil. As máquinas usadas para fazer o corte dos discos operam paralelamente, o que significa que a agulha de corte fica perfeitamente alinhada do início ao fim.

Os toca-discos, por outro lado, por uma questão geométrica do projeto, só pode ser alinhada corretamente em dois pontos na superfície do disco, usando um transferidor de alinhamento de cápsula.

Um bom toca-discos, configurado corretamente, com um braço de no mínimo 26 centímetros, pode reduzir consideravelmente os erros de impressão, mas nas ranhuras mais centrais elas ainda serão perceptíveis. Ou seja, quanto mais desconfigurado estiver seu toca-discos, principalmente nos ângulos ligados ao braço e, consequentemente, da cápsula e da agulha, mais distorção no áudio das faixas finais você perceberá.

E se o problema for do ajuste de braços, cápsulas e agulhas, ele pode ser solucionado com um simples acerto da regulagem ou a compra de cápsulas melhores. Normalmente, os toca-discos tangenciais são mais imunes a este tipo de problema pela forma e ângulo que seus braços tocam os discos.

Fora disso, não há o que fazer para resolver o problema por completo. Um ajuste angular, desalinhando propositalmente a cápsula para melhorar o percurso da agulha nos sulcos internos, por exemplo, irá compreender a leituras dos sulcos externos.

Como Fugir do Mal da Última Faixa?

Vamos tentar te passar alguns ajustes básicos que podem te ajudar a fugir do mal da última faixa.

1) CERTIFIQUE-SE QUE SEU TOCA-DISCOS ESTÁ NIVELADO

Os toca-discos funcionam melhor quando estão nivelados horizontalmente sobre um plano, permitindo à agulha percorrer os sulcos do vinil sem pender mais para um dos lados (que são responsáveis pelos dois canais de áudio do sinal estéreo).

Então fique atento se o seu toca-discos tem pés ou apoios ajustáveis e use um instrumento nivelador (como este) para refinar o nivelamento e o prato do seu toca-discos ficar totalmente horizontal e perpendicular à sua agulha.

Existem alguns pesos específicos para toca-discos (não confundir com os clamps) que trazem um dispositivos nivelador no topo (alguns, como este, trazem até escala estroboscópica) e que te mostram o nivelamento do seu disco enquanto ele é tocado.

Se possível use apoios com amortecimento sobre seu toca-discos para que nenhuma vibração externa interfira na qualidade do som do seu toca-discos. O meu aparelho, por exemplo, está sobre uma placa de madeira apoiada com suportes amortecidos por espuma rígida própria para absorver vibrações.

2) CERTIFIQUE-SE QUE A TRACKING FORCE ESTÁ CERTA PARA A SUA CÁPSULA

tracking force é o peso que está sendo colocado na agulha e cada cápsula possui o peso ideal (não existe um peso padrão e quanto menor o peso, mais sofisticada é sua capsula) para que tenha uma melhor performance.

Pressão demais, provocada por um peso superior ao que agulha suporta, danifica não só o disco de vinil, mas também diminui o tempo de vida útil da sua agulha, além de prejudicar a reprodução fiel da gravação. Com o tempo você perde a acurácia nas frequências e pode dizer adeus tanto para o disco (principalmente nas faixas mais ao centro do disco d vinil) quanto para a agulha.

3) ALINHAMENTO DA CÁPSULA E DA AGULHA

Conforme dito anteriormente, a cápsula só pode se alinhar corretamente com as ranhuras do registro em dois pontos do registro. É fundamental que alcancemos o alinhamento correto nesses pontos para garantir o mínimo de erros quando a agulha percorrer toda a área de superfície restante. Para este ajuste, recomendo o uso de um transferidor de alinhamento de cápsula.

4) OUTROS ALINHAMENTOS ESSENCIAIS

Lembre-se que toca-discos são instrumentos analógicos de precisão e necessitam estar bem ajustador e calibrados para que funcionem em seu melhor nível. Esse alinhamento deve ser feito de modo refinado em quatro frentes:

  1. . Ajuste do VTA (ângulo no plano vertical do cantilever com a superfície do disco);
  2. Ajuste do SRA (ângulo no plano vertical da agulha – medido com a perpendicular ao plano do disco no ponto de apoio);
  3. Ajuste do Azimuth (ângulo da agulha com a superfície do disco, no plano vertical frontal – perpendicular ao braço);
  4. Ajuste do Zenith (ângulo do traçado da agulha no seu percurso com a tangente aos sulcos do disco, no plano horizontal).

Em primeiro lugar, azimute se refere a como a cápsula está alinhado de uma perspectiva horizontal. Quando o azimute é definido corretamente, a cápsula está 100% nivelada sobre as ranhuras do disco.

Em outras palavras, a cápsula não está inclinada para a esquerda ou direita e paira uniformemente sobre a superfície do disco. O alinhamento no plano vertical ou VTA refere-se a todo o nível do braço em toda a superfície do disco. Você deseja que a distância do braço ao disco seja uniforme da frente para trás.

Ou seja, a frente (extremidade da cápsula) não deve ficar abaixo da parte de trás (extremidade do pivô) e vice-versa. Alguns toca-discos permitem que você corrija o VTA irregular, levantando ou abaixando o braço na extremidade da torre.

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