O Metallica de “Master of Puppets” já estava bem mais maduro do que aquele que deu o start no thrash metal com o clássico “Kill ’em All”, três anos antes. Junto com “Ride the Lightning” (1984), o Metallica demorou três discos para definir os parâmetros básicos do thrash metal trabalhado à moda Bay Area, que se contrapunha à fúria e velocidade desmedidas do Slayer.
Até por isso, “Master of Puppets” figura ao lado de clássicos como “Reign In Blood” do Slayer, “Bonded By Blood” do Exodus, “Among The Living” do Anthrax, “The New Order” do Testament, “Peace Sells” do Megadeth, dentre outros clássicos do thrash meta oitentista americano.
Como eu descobri “Master of Puppets”?
Conheci o Metallica através do vídeo “The Freddy Mercury Tribute” e logo fiquei chocado com o poder de “Sad But True”. Isso foi em 1995. Como nesta época era mais complicado obter músicas e conhecer novas bandas, já que não havia a internet e o streaming de hoje em dia, e morando numa cidade pequena só fui conhecer o clássico “Master of Puppets” cerca de cinco anos depois, quando ganhei minha cópia em vinil.
Desde a primeira audição fiquei apaixonado por composições bem estruturadas e como um som poderia ser melódico e ao mesmo tempo pesado. A estrutura musical fugia do óbvio e saltava aos ouvidos que realmente este é um clássico não só do thrash metal, mas sim de todo o rock pesado. Durante muito tempo o lado A (não se esqueça que minha cópia é em vinil) foi rodado diariamente todas as tardes em que ficava sozinho em casa, em alto e bom som!
O disco abre com a velocidade e brutalidade de “Battery”, com seu refrão marcante, que bate como um martelo. Logo em seguida, o clássico maior do disco: “Master of Puppets”. A letra dessa música discorre sobre o controle que as drogas exercem em alguém viciado em drogas, o instrumental é impossível ser descrito em palavras e o solo é primoroso. Uma das melhores composições do rock em todos os tempos. Nem vemos que ela tem quase nove minutos de duração.
A próxima é a cadencia e não menos genial “The Thing That Should Not Be”, com letra inspirada num conto do genial H. P. Lovecraft. Finalizando o fantástico lado A temos a preciosa balada “(Welcome Home)Sanitarium” e seus quase 7 minutos onde a banda descreve a agonia de um interno de sanatório. Tudo envolto em uma composição belíssima com solos inspirados e um final apoteótico.
Porém, depois de várias audições, o lado B se mostrou o possuidor das duas melhores composições do disco todo na minha opinião. “Disposable Heroes” começa o lado B bombasticamente e se mostra a composição onde melhor se casa a técnica, peso, velocidade e melodia na discografia do Metallica. O refrão é preciso e perfeito.
Em seguida tempos “Lepper Messiah” cadenciada, arrastada e a vontade de fazer air guitar e cantar o refrão junto é quase incontrolável. A instrumental “Orion” mostra toda a capacidade criativa de Cliff Burton (baixo) e com certeza é a melhor instrumental já composta pela banda. O álbum fecha com “Damage Inc.”, um típico arrasa-quarteirão thrash metal!
Um Disco Marcado Por Uma Tragédia
“Master of Puppets” foi gravado em 1985, na Dinamarca, com a produção de Fleming Rasmussen, o mesmo de “Ride The Lightning”. A produção era cuidadosa e aliada à evolução que Metallica apresentava, gerou um disco essencial para o thrash metal.
A banda então sai para sua maior turnê de promoção até então, ao lado de Ozzy Osbourne e alguns shows desta turnê podem ser conferidas no vídeo “Cliff em’ All” (1987). Tudo vai bem até a madrugada de 27 de setembro, quando os dois ônibus da banda viajavam juntos por estradas cobertas de gelo entre Estocolmo, na Suécia, e Copenhagen, na Dinamarca.
Nesse cenário, um dos veículos perdeu o controle e acabou caindo de lado. O baixista Cliff Burton, que dormia no ônibus, foi atirado para fora e morto pelo veículo que tombou sobre ele.
Foi uma grande tragédia para o Metallica, que nunca mais se recuperou plenamente do trauma. Cliff Burton era um músico com treinamento erudito e peça-chave para a sonoridade da banda que depois de sua morte atingiu o ápice comercial, mas nunca conseguiu estabelecer um foco para sua música, apesar de bons discos lançados.
Após o acidente, o trio retornou para os Estados Unidos e menos de um mês depois já estava testando novos baixistas para o posto. Dizem que Joey Vera, do Armored Saint e do Fates Warning, era a escolha até que se decidiram por Jason Newsted, do Flotsam & Jetsam, em 28 de outubro de 1986.
Não preciso dizer mais muita coisa, “Master of Pupets” é um disco clássico da era do vinil e um dos melhores discos do Heavy Metal de todos os tempos.
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