Explore a fascinante jornada de um colecionador de discos de vinil, onde capas icônicas não são apenas arte, mas portais para mundos musicais. Descubra como a estética visual influencia a experiência auditiva e como cada capa conta uma história única, evocando nostalgia e paixão pela música.
Nesse primeiro artigo do site quero propor, como colecionador de música em formatos físicos, algumas reflexões sobre as capas dos discos. Em tempos onde a música ainda não era digital, uma boa capa era a primeira impressão que o ouvinte tinha com a obra de um artista.
Muitas vezes, era apenas a capa que fazia um colecionador decidir comprar ou não um disco. Sim, muitos julgavam discos pelas capas quando desconheciam o artista que estampava seu nome nela. Eu mesmo adquiri minha cópia do excelente “From Books And Dreams”, do Message, desta forma. Só por causa da capa. E se você é fã de Black Sabbath, devia ia atrás desse disco!
No caminho até a vitrola mais próxima, o colecionador imaginava o que sairia dos sulcos daquele vinil: seria uma obra-prima ou decepção completa? Nesse percurso, as duas possibilidades existiam em igual probabilidade, quase numa versão fonográfica do experimento do Gato de Schrodinger.
A ansiedade por enfim descobrir o que aquela capa embalava era disfarçada externamente, mas borbulhava internamente! E os movimentos dos neurotransmissores nas sinapses provocados por esse hábito eram lidos pelo cérebro como uma sensação que se tornava um vício para muitos.
Era quase como jogar na loteria. Porém, neste caso, a porcentagem de ganho era alta, pois existia a indicação de amigos, revistas, do próprio dono da loja, de mentores musicais que eram tratados como iniciados em algum segredo musical hermético, ou uma música que tocava no rádio.
Todas essas opções serviam como motivadores de diversas descobertas musicais. Porém, vários artistas foram descobertos por diversos ouvintes ao redor do mundo apenas pela capa chamativa de algum de seus discos.
Uma viagem ao passado
Imagine-se numa loja de discos. Discos espalhados por prateleiras e várias capas expostas na parede como uma galeria de arte da cultura pop. À sua direita está a capa surrealista de “Wish You Where Here”, do Pink Floyd. À sua esquerda a capa inspirada pela cultura pop dos quadrinhos que o Kiss estampou em seu clássico “Destroyer”. No meio delas Paul Simonon destrói seu baixo na chamativa e crua capa de “London Calling”, do The Clash.
Agora suponha que você não conheça nenhuma dessas bandas, você é um adolescente de quatorze anos que juntou o dinheiro do lanche por um bimestre inteiro e tenta decidir qual dos três levar. A escolha é subjetiva, obviamente, você escolheria um, eu outro. Mas o mais importante é que em diversas vezes em que esse evento ocorreu ao longo do espaço-tempo, esse garoto escolheu o disco pela capa!
Pense na sensação até chegar em casa e poder colocar o disco para rodar na vitrola. Seu disco. Não o “With the Beatles” do seu pai, ou o Roberto Carlos de 1969, da sua mãe. O seu disco! Que você escolheu. Muito certamente, pela capa! Era um processo de afirmação. Um rito de passagem.
Para muitos destes adolescentes, iniciava-se um estilo de vida. Isso aconteceu comigo e exatamente assim comprei meu primeiro disco do Iron Maiden, aos quatorze anos.
A capa é uma outra dimensão para a música
Este hábito de “encapar” um disco de vinil (mais tarde fitas K7, cd’s e dvd’s) teve seu divisor de águas com um americano. Alex Steinweiss foi quem teve a brilhante ideia de dar aos discos imagens que pudessem ser associadas às músicas ali contidas, trazendo mais um sentido para a experiência musical: a visão.
Com isso, antecipava-se a impressão causada por um disco e alternava para sempre o ciclo de absorção da música. Da visão da capa vamos para a sensação do tato ao pegar o disco em nossas mãos. Na sequência o olfato associa o disco a um cheiro característico e só então partimos para a audição.
Esse ciclo cria uma ligação tão forte que muitas vezes lembramos da capa do disco e o cheiro do seu encarte quando ouvíamos qualquer música dele numa playlist, mas não lembramos seu título e praguejamos contra nossa memória.
Mas ele está ali, em nossa mente, cravado à cores e linhas pela capa. Talvez por isso o streaming não seja do agrado das gerações que tiveram essa experiência multissensorial, pois ele limita novamente a música a apenas um sentido, a audição, tirando toda a imagética criada por uma obra de arte.
Posso parecer saudosista, mas todos nós o somos com algum aspecto ou momento da nossa vida. Obviamente, no meu saudosismo encaixa-se também os aspectos da vida como colecionador. E sei que vários dos que lerem esse meu texto se identificarão, pois essas são apenas reflexões de um colecionador sobre as capas dos discos!
Conclusão
As capas de discos de vinil são mais do que simples embalagens; elas são uma expressão artística que complementa e enriquece a experiência musical. Cada capa conta uma história, evoca emoções e cria uma conexão profunda entre o ouvinte e a obra.
No mundo digital de hoje, onde a música é frequentemente reduzida a um arquivo de áudio, as capas de vinil nos lembram da beleza e da profundidade que a música pode ter. Elas são um convite para explorar novos mundos sonoros, um lembrete da importância da arte visual na música e um símbolo da paixão eterna dos colecionadores.
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